Uma mão estendida. Assim Juracir de Almeida Nascimento, 49 anos, resume o significado do Centro de Referência Especializado para Pessoas em Situação de Rua, conhecido como Centro POP. Morador de Belo Horizonte, Minas Gerais, ele passou por momentos difíceis em sua vida, que acabaram o levando à situação de rua. Por todas essas cicatrizes, hoje tem o semblante sério, mesmo quando expressa sua gratidão aos assistentes sociais que o acolheram: “Eu venho aqui no POP, se precisar de um documento, o pessoal nos apoia, nos acolhe. Café da manhã, banho, roupa, quando a gente precisa, tem. E nem é só isso: se tem um lugar para ir, precisa de um vale-transporte, alguma coisa, o que tiver ao alcance deles, eles estão aqui para nos ajudar”.
Juracir experienciou na pele a necessidade dessa ajuda, em diferentes ocasiões. Uma vez, ao dormir em uma praça, teve a carteira roubada, com todos os documentos dentro dela. Foi até o Centro POP, onde encontrou orientação para refazê-los. Ali também conseguiu se inscrever no Cadastro Único, porta de acesso às políticas sociais brasileiras, e agora recebe o Bolsa Família. Com o auxílio, consegue comprar roupas e alimentos.
A rede protetiva das políticas públicas, contudo, não alimenta apenas o corpo, mas a alma também. A expressão sisuda se desfaz quando Juracir fala sobre as oficinas de artesanato, às quais teve acesso no Centro POP: “O artesanato é bom porque ocupa a sua mente. Não vou sair para a rua, vou fazer meu artesanato. Com o artesanato, você vai aprender a trabalhar e ganhar dinheiro. Vira renda, um capital para você. Tudo é uma solução, mas você tem que ter força de vontade para desenvolver aquilo que sua mente e o pessoal está te ensinando”.
Além das questões mais materiais – alimentação, banho, documentos –, Juracir reconhece outros benefícios de frequentar espaços de assistência social. “Eu não dei uma recaída por conta deles, porque a rua é cheia das coisas. Vem bebida, vem droga, vem tudo. Se você não tiver uma mente feita… Converso com a psicóloga quando preciso”. Dessa forma, os Centros POP, instalações destinadas a amparar pessoas em situação de vulnerabilidade social, cumprem sua missão: são espaços de acolhimento, onde quem está enfrentando uma situação difícil tem tempo e apoio para se reorganizar.
Juracir, hoje, está em busca de emprego; quer ampliar sua autonomia. Acostumado com a invisibilização sofrida por quem está em situação de rua, ele vê no Centro POP, mais que uma mão estendida, um lugar de retomada da cidadania: “Te dá oportunidade de você voltar a ser cidadão brasileiro”.